"...andando pela rua com meu violão, foi quando ela eu
encontrei. Era de noite. Perto da faculdade. Não sei ao certo se estava sozinho
ou se tinha alguém comigo.
Pra falar a
verdade, não me lembro exatamente como a encontrei, lembro apenas que ficamos
um do lado outro por um bom tempo, por boa parte da noite.
Ficamos sentados
numa calçada e começamos a conversar. Não me lembro se ela perguntou o meu
nome, mas me lembro que quando ela disse o dela eu ri, ri muito. Porém ela não
ficou chateada, ela gostou, ela achou engraçado eu ter achado engraçado o nome
dela. Ela me achou um cara legal, divertido. Ela estava se sentindo bem ao meu
lado e eu também. Seu nome: Antonieta, um nome normal, mas pouco comum pra mim,
um simples nome que me fez sorrir muito.
Mas nessa noite
não ocorreu só isso, só esse caso positivo, ocorreram outros também, outros
positivos e negativos. Nessa noite, eu estava com medo, com medo da morte, eu
estava sentindo que ia morrer e nem passou pela minha cabeça que isso poderia
ser coisa da minha cabeça. Eu tentei dormir, talvez assim a minha “possível”
morte poderia ser mais suave. Lembro-me que tinha um jipe amarelo que eu tentei
dirigir, mas não me lembro do porque que eu fiz isso. A madrugada foi se
passando e o vazio veio entrando, talvez minha morte estivesse realmente
chegando.
Então, sentado
na calçada conversando com Antonieta, olhando os seus olhos, seu rosto, seu
cabelo meio ruivo. Ela começou a me dizer coisas que me fizeram pensar se
valeria realmente a pena morrer naquele dia, se valeria a pena deixar os
amigos, os familiares, os sonhos. Depois de alguns instantes , vi que não
valeria a pena mesmo, que era bobagem abandonar tudo assim, do nada.
O dia já estava
quase chegando, eu já estava me sentindo mais tranquilo, ela (Antonieta) me
ajudou a ficar bem. De repente ela me beijou e nisso um colega meu pediu o
violão emprestado, ela disse que ia apenas afina-lo, quando olhei do lado,
Antonieta já não estava mais lá.
A madrugada
acabou e eu aqui acordei (pois tinha que ir trabalhar), fiquei pensando no
porque que meu colega pediu o violão apenas para afinar sendo que eu nem estava
tocando, e no decorrer do dia fiquei com o leve beijo de Antonieta na
memória..."
(Gabriel M.)